



Exposição de leques comemora 80 anos do Museu Histórico Nacional
Da redação


Ao comemorar seus 80 anos de existência, o Museu Histórico Nacional apresenta ao público de 11 de outubro de 2002 a março de 2003, a exposição "Uma Brisa no Ar" reunindo 60 exemplares de sua coleção de 109 leques, incluindo diversos que pertenceram à nobreza brasileira. Datados dos séculos XVIII, XIX e XX e produzidos no Oriente, na Europa e no Brasil, os leques, de diferentes materiais e técnicas, retratam cenas mitológicas, campestres e momentos históricos e sociais, entre outros temas.
A provável origem do leque foi a China, onde tornou-se parte integrante do costume nacional, sendo usado pelos reis como um sinal de dignidade. Da China passou para o Japão, onde também foi de uso constante.
O leque integrou, ainda, várias outras culturas: no Egito era uma honra poder-se abanar o Faraó; na Grécia, abanar a esposa durante o sono era uma grande prova de amor do recém-casado, garantindo-lhe o perdão por qualquer falta por ventura cometida ... Em Roma haviam escravos especialmente designados para abanarem as patrícias e seus convidados em dias de intenso calor. Também o cristianismo adotou o leque: durante o ofício, dois diáconos, um de cada lado do altar, protegiam o celebrante do calor ...


O uso do leque envolve, ainda, outras funções além do refrescar. Entre namorados e amantes, há toda uma linguagem codificada: tocar levemente os cabelos com o leque significa "não me esqueças .. " Célebres em Paris após a Revolução Francesa, os leques com grandes letras douradas tiveram, também, uma função didática, ensinar as primeiras letras ... À exemplo de moedas e medalhas, os leques também eram usados para comemorar os grandes feitos da vida de um país e sobretudo a França produziu muitos exemplares deste tipo, como aquele que retrata a ascensão dos balões Montgolfier.
Os leques difundiram-se por toda a Europa, entre os séculos XVII e XIX, tornando-se um complemento indispensável à vaidade feminina, invadindo os salões e inspirando poetas e pintores. Nas primeiras décadas do século XX eram suntuosas plumas fazendo parte da toalete das elegantes, mas, após este período, com o desenvolvimento das novas tecnologias para refrescar o ar, o seu uso foi se tornando cada vez mais obsoleto, embora jamais tenham perdido em glamour, como objetos de rara beleza.


Através dos leques, acompanha-se toda a história do Brasil, desde a chegada de D. João VI... Na exposição "Uma Brisa no Ar" o público poderá apreciar belos exemplares comemorativos, como aquele em prata dourada, esmalte e papel que refere-se à Aclamação de D. João VI como Rei de Portugal, Brasil e Algarves, ocorrida em 1816 dois anos após a morte de sua mãe, D. Maria I. Outros dois leques comemoram a organização do Império do Brasil e da Independência do Brasil.
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